martes, 27 de octubre de 2009

UNA LENDA SOBRE SANGO




Conta a lenda que, em um tempo imemorial, o rei Xangô, orixá escolhido por Oxalá para governar a terra e os outros deuses, tinha diversas esposas. As duas mais importantes eram Yansã, a Senhora das Tempestades, e Oxum, cujo domínio se estendia pelos rios, lagos e cachoeiras. Certo dia, enciumada da preferência de Xangô pela sua adversária; Yansã decidiu vingar-se de Oxum e, em um raio intempestivo de cólera, investiu contra a mãe das águas doces, quando esta se banhava nua às margens de um grande lago, tendo apenas um espelho entre as mãos. Devido ao fato de não ser uma guerreira, mas uma mulher dócil e vaidosa, afeita apenas aos expedientes da Sedução e da Dissimulação para se defender; Oxum viu-se completamente indefesa frente à ira arrebatadora da Rainha dos Raios. Oxum, então, rezou a Oxalá e, em um instante mágico, percebeu que o Sol brilhava forte nas costas de sua agressora. Rapidamente, ela utilizou seu espelho para refletir os raios solares de forma a cegar Yansã. Ao saber da vitória de Oxum, o rei Xangô reafirmou sua preferência pela Senhora das Águas, que além de mais bela e delicada, provou ser também mais poderosa que a Senhora das Tempestades.

"Oxum é a alegria do sangue das mulheres fecundas. Até mesmo Oxalá teve que inclinar-se à seu poder." A tradição Nagô relata a Lenda de uma sacerdotisa, Omo Òsun ('filha de Oxum", encarregada de cuidar dos paramentos de Oxalá. Havia muitas mulheres com inveja dela que para criar caso, jogaram a coroa de Oxalá no rio, pouco antes do começo do grande festival anual. Omo Òsun conseguiu encontrá-la na barriga de um peixe. Suas rivais despeitadas, fizeram então um feitiço e, no meio da festa, na hora em que deveria levantar-se para saudar Oxalá, ela não conseguiu. Seu corpo aderira ao assento. A pobre sacerdotisa, fez tanta força que acabou levantando-se, mas parte de seu corpo ficou grudada ao assento. O sangue jorrou, manchando os paramentos de Oxalá. O vermelho é tabu para o Grande Deus da Cor Branca, que se mostrou extremamente irritado, e Omo Òsun, envergonhada, fugiu. "Todos os Orixás Fecharam-lhe as portas. Somente Oxum à acolheu e transformou as gotas de sangue em penas de papagaio, pássaro chamado Odidé. Lembramos que pássaros simbolizam a fecundidade das Grandes-Mães, e as plumas representam a multidão dos descendentes. Por isso , Oxum é a "dona de muitas penas de papagaio'. Os Outros Orixás ao saberem do milagre da Deusa da água doce foram procurá-la. O último à procurá-la foi Oxalá que, em sinal de respeito e submissão ao poder feminino, aos pés de Oxum se prostrou. Fez mais: Colocou na testa uma pena vermelha e declarou que as Eleguns (Yawôs = filhos de orisá) que não usarem ekodidé ( as penas de papagaio) não serão reconhecidas como verdadeiras Yawôs (Eleguns). É por isso que os Yawôs no fim da iniciação usam uma pena vermelha. “A iniciação em Orisá é um nascimento, e o poder da fecundidade tem que estar presente, pois Oxum mostrou que a menstruação em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário, proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos”.

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