jueves, 29 de octubre de 2009

OSUMARE ou ESUMARE





OUTRO ÒRÌSÀ QUE SUSCITA POLÊMICA, PORQUE DIZEM QUE É TAMBÉM SER MÉTÀ-MÉTÀ, O ERRO TAMBÉM COMEÇA POR AÍ, POIS, COMO JÁ DITO ANTES, MÉTÀ É O ALGARISMO TRÊS E NÃO DOIS, COMO SE ENTENDE.






Então acho que só mesmo levando na brincadeira essa história de métà (três): deve ser a turma do terceiro sexo que quer incluir o òrìsà como mais um “coleguinha”. Não censuro e nada tenho a haver com a vida particular de cada um, mas, as pessoas precisam saber separar a sua vida íntima da vida religiosa. Não, querendo achar desculpas para seus atos e suas preferências culpando os òrìsà.

há controvérsias sobre a origem de ÒSÙMÀRÈ, que dizem ser de origem jeje, e outros, dizem ser de origem yorùbá. Existe na mitologia yorùbá a história sobre Òsùmàrè. O seu correspondente Jeje seria ou é Besén. Com a mescla das duas “nações” é que é que incorporaram e mixaram mutuamente suas mitologias, causando um pouco de confusão. Mas, segundo a lenda yorùbá, Òsùmàrè era um dos ministros de Sàngó, e que era responsável pelo suprimento de água potável no ayé. E acreditava-se que ele (pois, segundo a mitologia yorùbá, Òsùmàrè é masculino, também sem androgenia) transformava-se numa grande serpente que baixava sua boca até o mar sugando a água necessária para a vida no ayé, e que era devolvida em forma de chuva. por acreditar-se ser o arco-íris essa serpente de Òsùmàrè, é que ele foi identificado com a imagem da serpente. Penso eu, que essa história de macho e fêmea para Òsùmàrè, surgiu do folclore popular, onde dizem que em se passando sob o arco-íris, os meninos virariam meninas e as meninas virariam meninos. Mas, todos sabem que isso é uma brincadeira, mas, o caso é que muita gente levou a sério e acreditou nisso, e outros ainda, gostariam tanto que isso fosse verdade, aí complicando e embaralhando o assunto. Na mitologia yorùbá, não existe o “macho e a fêmea”, nem é necessário fazer oferendas com casais de animais. O mais antigos tinham ciência da forma masculina de Òsùmàrè, tanto que o sincretisaram com São Bartolomeu. Eles não o sincretisaram com uma santa da igreja católica, mas, sim com um santo, isto na época em que os negros eram obrigados a somente cultuar santos da igreja católica, então, São Bartolomeu foi escolhido como “capa” ou “testa de ferro” de ÒSÙMÀRÈ.













OSUMARE ou ESUMARE


OSUMARE ou ESUMARE é a única divindade que traz em seu nome a raiz do nome de OLODUNMARE, o Criador - o sufixo MARE. MARE significa "Aquele que sempre é", "Aquele que tem autoridade sobre tudo o que há no céu e na terra e é incomparável", "Aquele que é absolutamente perfeito", "Supremo em qualidades".

Ao sufixo MARE, acrescente-se o prefixo ESU ou OSU. Qualquer uma das formas é igualmente designada para o chamar. Se adotamos o prefixo ESU, significando princípio dinâmico de realização, temos ESUMARE como o detentor de um princípio dinâmico de realização que tem autoridade, ou ação, sobre tudo o que há no céu e na terra; que sempre existiu, existe e existirá, num conceito de eternidade muito próprio dos Iorubás, para quem o fim do mundo é inconcebível. O significado do nome ESUMARE referencia diretamente o próprio papel desse EBORA, na manifestação e execução do projeto de OLODUNMARE, através do qual o ase se esparrama pela terra, enquanto poder de realização, garantindo através de ESUMARE os ciclos em que se operam cada etapa de transformações inerentes ao ritmo da vida, em seu movimento bipolar de fluxo e refluxo, a garantir a continuidade da existência. Nos dizeres de um provérbio Iorubá: KI LO YO LOJU ORUN, ESUMARE YO LO JU ORUN, ou seja, "O que aparece nos olhos de DEUS? ESUMARE aparece nos olhos de DEUS". Esse significado de dinâmica da transformação através dos ciclos, da mesma forma é encontrada ao utilizarmos o prefixo OSU no nome de ESUMARE. OSU, em tradução isolada significa mês, definidor de um ciclo de semanas ou, mais apropriadamente, de um ciclo lunar, outro derivativo de OSU, OSUPA - Lua, onde estão novamente presentes ciclos, os lunares - lua cheia, quarto minguante, lua nova e quarto crescente - definindo o fluxo e refluxo das marés, pelos quais orienta-se a pesca e a caça.




Em alguns lugares da África através de OSUMARE é cultuado OLOJO, o Senhor do Tempo, cujas oferendas somente são oferecidas após manifestação de OSUMARE e para o qual são reservadas as saudações:

OLOJO ONI, IBA O O! "Senhor do Tempo, eu te saúdo!" ou "Senhor de hoje, deste momento, eu te saúdo!". Como se os ciclos fossem gênero do qual o tempo é espécie, ou apenas medida.

Entre os Iorubás, simbolicamente OSUMARE é representado pela chuva e sol simultâneos, acontecimento sinônimo de extrema fertilidade da terra, justificando a afirmação de estar o ase de OLODUNMARE se esparramando por sobre a terra através de OSUMARE.




No Brasil, a primeira imagem desse fenômeno é o arco-íris, justamente resultante da refração da luz do sol sobre a chuva, de fácil associação abstrata, de significado mais prático, associado ao seu produto imediato, a fertilidade, o poder de realização no germinar da semente, cuja importância fica transparente em outro ditado Iorubá:



OJO NRO O, OORUN IRO, IJO NA LEKUN ME BE, ou seja, "Faz chuva, faz sol, hoje o leão vai procriar".



O conteúdo simbólico do arco-íris, porém, não se esvazia frente a importância do significado prático da explicação do fenômeno. Pelo contrário, tem sua qualidade evidente com a visualização desse arco-íris como ligação entre o aiye e o orun.
O processo pode ser descrito como a formação de um círculo onde, em semicírculo, sai da terra, toca o céu e retorna à terra, continuando em direção ao seu centro, em outro semi-círculo, até sair novamente em direção ao céu, quando então acaba por completar um círculo.
Círculo como aquele formado pela cobra que morde seu próprio rabo, outro símbolo de OSUMARE, círculo demarcador de ciclos, desde o aproveitamento da água da chuva, condutora dos nutrientes minerais da terra, até o ciclo da vida, num processo que se origina no orun, se realiza no aiye e cuja morte fornece à terra a realimentação do sistema, produzindo matéria prima capaz de gerar novas vidas.












UM ITAN ODU QUE RELATA A CHEGADA DOS ORISA E EBORA AO AIYE NOS DIZ QUE OSUMARE CHEGA AO MUNDO VISÍVEL TRAZIDO PELO ODU OGBE OYEKU.



ESTE ODU É COMPOSTO PELOS ODU EJIOGBE E OYEKU. ENQUANTO EJIOGBE ESTÁ ASSOCIADO AO DIA, AO ELEMENTO MASCULINO, À LUZ E AO MUNDO DOS VIVOS, OYEKU ESTÁ ASSOCIADO À NOITE, AO ELEMENTO FEMININO, ÀS TREVAS E AO MUNDO DOS MORTOS.
ISSO, SEM DÚVIDA, VEM CONFIRMAR A ASSOCIAÇÃO DE OSUMARE AOS CICLOS, À BIPOLARIDADE E AO FLUXO DE TRANSFORMAÇÕES. TALVEZ ESTEJA NESTA BIPOLARIDADE A EXPLICAÇÃO PARA O FATO DE OSUMARE, NO BRASIL, SER VISTO COMO DE DUPLA SEXUALIDADE, ORA MASCULINO, ORA FEMININO, CONFUNDINDO-SE DESTA FORMA GÊNERO (MASCULINO/FEMININO) COM SEXUALIDADE.







Na África, ao se encontrar pequena partícula de uma pedra constituída do metal mercúrio misturado à outros minerais, principalmente ferro, essa pedra é colocada na água parada onde dispara em movimento oscilatório ondular, avermelhando a água e mimetizando o movimento da cobra.


Esse fenômeno é chamado de emi-OSUMARE e considera-se o momento natural da presença de OSUMARE na terra. Isso é visto com muita alegria e reverência, sendo utilizado em trabalhos para atrair progresso para as pessoas.

É importante ressaltar ainda outro fator significativo a respeito de OSUMARE. Em algumas regiões da África ele é considerado como uma qualidade de OMOLU e assim chamado JAWE, em outras OSUMARE é considerado filho de OMOLU. Em qualquer das situações não podemos deixar de considerar que a tradução do nome de OMOLU é "o filho do Senhor", trazendo mais uma vez a idéia de uma relação particularmente especial de OSUMARE com OLODUNMARE.










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